quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O PENSAMENTO ARTIFICIAL

Alunos: Felipe Veiga

Fernando Alves Michalak

Luiz Torres dos Santos Junior

O PENSAMENTO ARTIFICIAL

Causalidade Funcional

Certos efeitos se apresentam, pois, privilegiados: os que são submetidos à retroação ou interação e que por isso, tendem a se organizar. Há, portanto duas ordens de efeito de efeitos: os “efeitos diretos”, cujos efeituadores são “abertos”, e os “efeitos reflexos”, cujos efeituadores estão voltados sobre si mesmos, trancados, “fechados”.

Desde que venha juntar-se um fator a um fator ou, melhor, um efeito a um fator, este efeito tende para um valor constante ou externo. Desde então, este efeituador tem certa “organização” interior. E se estiver plenamente “organizado”, seu efeito adquirirá uma alta probabilidade.

Organização Progressiva

Temos “organização” de um efeito: sua libertação progressiva diante de seus fatores, (quer dizer, exatamente a aquisição da independência pelos seres vivos, segundo Claude Bernard).

Se, por interação, o efeito se liberta de um fator, ele começa a adquirir valor próprio, não relativo ao fator: conquistou um pouco de virtude absoluta – a finalidade.

No caso de uma interação simples o efeito liberta-se de um fator, e de dois fatores no caso de uma interação dupla. Um conquista progressiva da independência: um efeito é mais ou menos dependente da função de causalidade; ele tende mais ou menos para um valor absoluto independente dos fatores.

As Incertezas da Causalidade

Tudo no universo se liga a fatos, estáticos ou dinâmicos, produzidos por outros fatos, portando, a efeitos. Mas, que é um efeito? Abramos o “Vocabulário da Filosofia”, de Lalande: “Qualquer fenômeno, desde que seja reconhecido como produzido por uma causa”.

A fórmula que é para nós um ponto de partida não precisa, absolutamente, a natureza profunda do efeito. Definir a idéia de efeito com o particípio “produzido” seria como definir gruta por caverna e caverna por gruta, mal clássico dos dicionários. Um efeito é aquilo que é produzido. De acordo! Mas que é produzir? É justamente isso que nos interessa assim que procuramos compreender “efeito”.

O Efeito é uma Função

Agora, que procuramos contornar a dificuldade de uma “causalidade” que não se aplica aos efeitos retroativos – um exemplo dado por um grande filosofo para expor as teorias da causalidade chocou-nos de frente: introduzida num forno elétrico, uma barra de ferro longa; “a causa do alongamento” não se produzirá.

E, no entanto, pode-se replicar, é preciso que acabemos por entender-nos sobre a noção de causa, sem arrancarmos os cabelos. Sem dúvida.. Mas também não há necessidade de que nos contentemos com um mais ou menos, pois que uma teoria diferente se oferece e se impõe.

Uma semente germina. O efeito “germinação” se produz assim que as diversas variáveis de sua função causal se encontram dentro de certos limites; a semente deve ser muito velha; nem pouco nem muita terra; nem muito nem pouco de valor; nem muita nem pouca umidade. Plantemos diversas sementes: se o terreno for úmido, mas frio, a semente não germinará; se uma outra semente aqui, goza de um calor favorável, mas sofre secura, também não germinará. Mas se uma pequena planta nascer de uma outra colocada em condições favoráveis – poderei dizer que foi o calor, ou a umidade, ou mesmo a semente a causa da germinação? Todas as causas são causas; nenhuma é causa em si mesma; a única causa em si mesma; a única causa verdadeira é a conjunção de numerosas causas.

A Lei e o Domínio

Os matemáticos modernos vêem em toda função dois elementos bem distintos: a lei e, por outro lado, o domínio ou campo. Na definição de Riemamm, as variáveis estão situadas em um domínio no qual variam; e as essas variáveis corresponde a função “por uma lei determinada, mas de natureza e expressão absolutamente sem importância”.

No interior do domínio as variáveis são livres.

A todas as posições no domínio, a lei faz corresponder um valor da função, valor obrigatório, valor necessário que dá, nos casos menos complexos, uma fórmula matemática.

Os fatos existem virtualmente, mesmo que não se produzam. Existem no universo infinitos fatos aos quais nenhum acontecimento deu existência, fatos que correspondem a uma infinidade de leis.

Certas substancias não existem ainda. No entanto, os químicos conhecem o “fato” cuja “lei” e cujo “domínio” estabeleceram. Pacientemente, procuraram fazer entrar os fatores, todos os fatores da função, em tal domínio. Se o conseguirem, o acontecimento será o nascimento de uma substância até agora não existente.

Tudo isto nos dá novos pontos de visa sobre o eterno problema daquilo que acontece ou não acontece.

Existe o Acaso?

Nenhuma ligação entre os fatores? Essa condição é fácil de preencher se se tratar de funções que liguem um fator a outro, se se tratar de interações. Será, porém concebível, que todos os fatores de um efeito não dependam de nenhum pré-fator comum? Responder a essa pergunta equivale a responder a esta outra: existe o acaso?

Há pré-fatores que serão sempre comuns a tudo: os fatores cosmogonicos. Mas um acontecimento de cadeias causais verdadeiramente independentes a partir de sua origem comum no pre-fator “cosmogonia” seria, para nosso espírito, inteiramente devido ao acaso. Nosso espírito estaria, porém enganado: o puro acaso não pode existir.

Imaginemos um acontecimento na menor escala concebível, de um corpúsculo dos núcleos atômicos no maior quadro possível, o do universo. Suponhamos que um desses corpúsculos tenha que se desintegrar em alguma parte do universo. Que possibilidade há para que um desses corpúsculos que se deva desintegrar seja esse que, naturalmente, não vejo, mas no qual penso? A estimativa é fácil, se admitirmos os cálculos de Eddington, segundo o qual o universo contém 136 x 2 256 corpúsculos. A probabilidade de que o corpúsculo em que penso se desintegre é a seguinte já que a probabilidade de um acontecimento é a razão entre o numero de casos favoráveis à realização de tal acontecimento e o numero de casos possíveis:

1/ 136 x 2 256

Desde que a desintegração estava determinada, embora em tão fraca proporção, o acontecimento não se deu, pois puramente ao acaso.

O acaso absoluto exigiria que o acontecimento não tivesse determinação alguma, que a fração exprime a probabilidade fosse nula.

Uma fração é nula quando o seu numerador é nulo ou se o seu denominador infinito. Anular o numerador é inconcebível, pois o numerador deve exprimir os casos favoráveis. Se fosse nulo o acontecimento seria impossível. Quanto ao denominador infinito é igualmente inconcebível, pois Einstein demonstrou que o universo é finito. Assim somente em um universo infinito poderiam acontecer coisas de puro acaso.

O acaso perfeito não passa de uma noção teórica; fatos que se produziriam sem ter nenhuma possibilidade de se produzir.

Falta-nos ainda demonstrar que a certeza total é tão inconcebível como o acaso puro. Por mais que consiga o homem dominar os fatores, não governo, porém, os pré-fatores pela simples razão que, se desejo que um pré-fator seja invariável, têm que fixar todos os seus fatores próprios. E assim, sucessivamente, até o infinito. Um pré-fator sempre poderá modificar o valor de um de seus fatores. O homem não pode, pois, controlar todos os fatores de ramificações infinitas.

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